quinta-feira, 26 de junho de 2014

Quando a vida não sorri pra nós


Tenho um amigo muito crente, que quando choro e lamento as minhas dores e tristezas, ele me repreende e diz: "isso não é espiritual". Talvez ele tenha razão, não sei, não vou discutir isso, é uma questão tão pessoal, e, talvez, jamais chegaríamos a um consenso, a uma verdade. Temos fatos bíblicos, teorias, pensamentos teológicos, filosofias, tão diferentes a respeito do assunto que o tempo que consumiríamos na discussão não valeria a pena e ainda é possível que a conclusão fosse diferenciada uma da outra, ou de outras, com embasamento teórico e existencial para todas. Não vou discutir a questão do choro e do lamento. Vou falar apenas sobre os fatos da vida, especialmente, tendo a minha como pano de fundo. Há dias e dias, tempos e tempos, fases e fases, na nossa história. Há dias de tristeza e dor, tempo de sofrimento, fases difíceis. Alguém pode dizer que não? Quem dera, houvesse uma só pessoa que eu conhecesse e pudesse afirmar sinceramente ter sempre vivido na plenitude da vida, com apenas dias fáceis, não tendo jamais conhecido um dia difícil. Do que tenho visto e aprendido, concluo que viver não é fácil para ninguém, nunca foi e nunca será. É possível que ao olhar para donos de grandes riquezas tenhamos a impressão que a vida lhes seja fácil, isenta de dores e sofrimentos. Ledo engano. Há milionários vegetando nas suas cadeias de ouro, enquanto há pobres felizes, livres, nas suas palhoças, cheios de vigor e vida. Conheci muitos deles na Zâmbia. Devo, porém, deixar claro que não estou defendendo a pobreza, eu a denuncio veementemente, é uma vilania da humanidade com seus sistemas econômicos maléficos. Mas, voltemos ao assunto em pauta. Considerando que há tempo de dor e sofrimento, pelo qual todos passamos, fica a pergunta: o que fazer? Como viver, superar, enfrentar o tempo em que a vida não está sorrindo para nós? A partir da minha experiência, digo que não podemos perder a fé, a esperança e o amor (1 Coríntios 13. 13). A fé, no Deus onipotente, onisciente, onipresente. O Todo Poderoso, que tudo conhece e presente está em todos os lugares, pronto para nos ajudar, carregar no colo, se o buscarmos e crermos. A fé, é a primeira coisa que corremos o risco de perder, no tempo difícil. A pessoa não consegue nem orar. A dor é tão grande, às vezes, que não pode imaginar a possibilidade de socorro onde não vê nenhuma saída. Mas é preciso crer. Sem fé, será sempre pior. Ouvi contar a história de uma senhora que sofrendo foi falar com seu pastor. Ele lhe orientou a orar. Ela confessou que a dor era tão grande que não tinha mais forças para orar. Então ele lhe disse para apenas dizer: "misericórdia, Senhor". Assim, ela fez. Diariamente, repetia incontáveis vezes: "misericórdia, Senhor!". Depois de algum tempo, aquela mulher voltou à igreja para contar ao seu pastor que estava forte, pronta para dar continuidade à vida, vencendo suas dificuldades, superando seus problemas. Tenho recomendado isso também. Uma outra coisa que aprendi foi orar o Pai Nosso, incontáveis vezes. Sei que é a oração completa que Jesus ensinou, poderosa, muitas vezes esquecida pelos cristãos, ou lembrada e falada superficialmente. Lamento! A esperança é primordial na fase difícil. Esperança de superação, de novo tempo, de restauração, reconstrução. Saber que tudo passa alimenta a nossa esperança de dias melhores. Fiquei impressionada ao ver, em um programa jornalístico da TV, no pescoço do jogador Neymar uma tatuagem que diz: Tudo Passa. Está tatuada em sua pele uma verdade incontestável: tudo na vida passa. Lembro ainda que ganhar e perder faz parte da nossa história. O amor é o melhor remédio para as nossas dores. Nos faz sair de nós mesmos, alivia a nossa alma, quando o repartimos com outros que sofrem. Gosto de saber que até o grande profeta de Israel, Elias, sofreu e teve vontade de morrer. Um homem cheio do poder de Deus, usado magistralmente pelo Eterno no combate à idolatria de Israel, foi ameaçado de morte pela rainha Jezabel: "Então Jezabel mandou um mensageiro a Elias, a dizer-lhe: Assim me façam os deuses, e outro tanto, se de certo amanhã a estas horas não puser a tua vida como a de um deles. O que vendo ele, se levantou e, para escapar com vida, se foi, e chegando a Berseba, que é de Judá, deixou ali o seu servo. Ele, porém, foi ao deserto, caminho de um dia, e foi sentar-se debaixo de um zimbro; e pediu para si a morte, e disse: Já basta, ó Senhor; toma agora a minha vida, pois não sou melhor do que meus pais."   (1Rs 19: 2-4). O grande profeta, ficou deprimido ao ponto de desejar a morte. "Alarmado, ele fugiu para Berseba e foi para o deserto, caminho de um dia e, desanimado, sentou-se debaixo de um zimbro. Enquanto ele dormia, um anjo tocou-lhe e disse-lhe: "Levanta-te e come porque muito comprido te será o caminho". Ele levantou-se e viu à sua cabeceira um pão cozido sobre as brasas e uma botija de água. Tendo comido as provisões que lhe tinham sido, assim tão miraculosamente, trazidas, ele continuou a sua solitária viagem durante 40 dias e 40 noites até Horebe, o monte de Deus, onde se refugiou numa caverna. Aqui lhe apareceu o Senhor, dizendo-lhe: "Que fazes aqui, Elias?" Em resposta às suas desanimadas palavras, Deus dá-lhe a conhecer a Sua glória e ordena-lhe que volte a Damasco e unja Hazael, rei sobre a Síria, Jeú, rei sobre Israel e Eliseu, profeta em seu lugar (1Rs 19:13-21; comparar com 2Rs 8:7-15 e 2Rs 9:1-10)." (http://www.jesusvoltara.com.br/dicionariobiblico/elias.htm). O profeta, sarado de  seu medo e dor, voltou à missão que lhe fora confiada e bem a cumpriu. A história do profeta Elias nos mostra claramente a fase difícil pela qual ele passou e todos nós somos passíveis, contudo, nos mostra claramente a presença de Deus em todo o tempo, sustentando, fortalecendo, animando, e muito mais. Assim é com aquele que crê. Não importam os porquês das nossas dores e sofrimentos, o importante é que Deus está conosco, sempre. Oro para jamais perdermos a fé, a esperança e o amor. Ajuda, Jesus.

Texto publicando, ontem, 26.06.2014, no Jornal de Assis.
Obrigada, Jesus!

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